#SomosTodasVerônica |
Ontem eu vi uma foto da
Verônica Bolina, que não postarei aqui, pois acho desnecessário, travesti que foi espancada e desfigurada por policiais de São
Paulo sem nenhuma explicação válida até o momento. Eu me choquei com a imagem,
mesmo sem saber que ela havia cometido um crime. Chocou-me o fato de terem a
exposto nua, desfigurada e com a cabeça raspada como se fosse um troféu da
polícia, como se aquela imagem fosse prova do bom serviço que eles têm prestado
a toda a população.
Não basta ser negra,
não basta ser travesti, não basta estar à margem da sociedade por conta da sua
identidade de gênero. Não, é necessário que ao ser presa, a mesma seja colocada
numa cela cheia de homens heterossexuais, exposta a todo e qualquer tipo de
violência sexual. Tem que ter o cabelo raspado e a intimidade exposta para todo
o Brasil e mundo.
Será que é tão difícil entender que aquele ser é um SER HUMANO? Acredito que não...
Antes que algum leitor
ou leitora ache que eu estou defendendo uma criminosa, deixarei uma coisa bem
clara: direitos humanos são direitos que toda e qualquer pessoa tem direito. Aí
alguns dirão: “Ah, mas ela bateu numa idosa.”. Eu respondo: No JORNALISMO e no
DIREITO ninguém é culpado até que se prove o contrário, por isso, nem adianta
vir com esse tipo de conversa que não cola comigo. E outra, até agora eu não vi
nenhum depoimento da idosa ou de parentes da mesma acusando a Verônica do crime
de agressão.
Ainda existe outro fato
interessante sobre o caso: o G1 publicou uma matéria com apenas a versão da
polícia, sem fala de nenhum parente da Verônica ou advogados e ainda a trataram
com o pronome masculino. Na boa, será que eu preciso explicar a diferença de um
homem cisgênero para uma mulher travesti/transexual a um jornalista de um portal
da Globo? Sério mesmo? Eu realmente espero que não!
Pois, ao usarem um
portal de alcance nacional e mundial para veicularem uma notícia que só fere os
direitos individuais de uma pessoa transgênero, a Globo e o seu portal G1,
conseguem prestar um enorme desserviço a toda parcela LGBT no Brasil. É como se
gritassem que de nada vale a luta dos gays, lésbicas, transexuais e travestis
no Brasil. Ao utilizarem um pronome masculino para se referirem a uma pessoa
que não se identifica com o gênero, é ajudar explicitamente a perpetuação da
intolerância e desrespeito para com os que são “diferentes” do que se é aceito
nesta sociedade machista, homofóbica e transfóbica.
"A mídia demonstra
ser “violenta” ao veicular informações superficiais, com carência de
substancialidade; nas notícias de variedades, nos talk shows; nos programas de
auditório; nos programas de cunho investigativo, que buscam única e
exclusivamente a audiência sob o véu falacioso da justiça, do ajudar pessoas.
Submetida ao lucro e à audiência, a mídia promove um sensacionalismo implícito
ou explícito. Porém presente. Sempre presente. Nessa realidade, a informação
que lança mão de aspectos de natureza sensacionalista promove a
“violência”." (CRUZ, Fábio Souza,
2004, p. 4-5)
POW.
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