quarta-feira, 27 de maio de 2015

O uso de roupas curtas e o domínio sob o próprio corpo



Há quem ache que todas as mulheres que usam roupas curtas estão pedindo para serem assediadas, tocadas ou, na pior das hipóteses, estupradas. Numa sociedade machista, infelizmente, ainda é comum que muitos acreditem que a vida de uma mulher gira em torno de chamar a atenção de um homem.

Por causa de discursos machistas iguais ao citado acima, várias mulheres são estupradas no Brasil e os estupradores dão a mesma desculpa: “ela estava pedindo”; “estava usando roupa curta”; “ela me seduziu” e por aí vai... A naturalização do assédio e do estupro começa quando um homem diz que a mulher de roupa curta está querendo chamar a atenção dos homens, pois é do instinto masculino a culpa dos homens assediarem e estuprarem as mulheres.

As desculpas são ridículas, mas a culpa nunca é do agressor, pois a roupa da mulher estava “pedindo” por aquilo. O interessante é que nunca vi homens serem assediados na rua por que estavam usando shorts curtos ou estavam sem camisa, pois eles são homens. Eles podem. Nós, mulheres, não podemos, pois é vulgar mostrar o corpo. É coisa de mulher puta, vagabunda e vadia querer sair com uma minissaia à hora que quiser.

Simone Beauvoir (1970) afirmou em seu livro O Segundo Sexo, que “o lugar da mulher na sociedade é sempre eles que estabelecem”. E isso ainda é real em nossa sociedade pós-moderna e tecnológica. Os homens estabelecem quais as mulheres são de “verdade” e quais servem “para casar”. A mulher que usa roupa curta é a puta, segundo a estatística dos machistas, mas a que usa saias longas também sofre assédio quando sai. A lógica é imprecisa, mas o machismo prevalece.

A desconstrução do machismo é necessária. A mulher pode e deve usar o que quiser. E, quando ela assim fizer, não deve ser julgada como alguém que “está pedindo” atenção dos homens. Pois, acredite, ela não está.

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