Há
quem ache que todas as mulheres que usam roupas curtas estão pedindo para serem
assediadas, tocadas ou, na pior das hipóteses, estupradas. Numa sociedade
machista, infelizmente, ainda é comum que muitos acreditem que a vida de uma
mulher gira em torno de chamar a atenção de um homem.
Por
causa de discursos machistas iguais ao citado acima, várias mulheres são
estupradas no Brasil e os estupradores dão a mesma desculpa: “ela estava
pedindo”; “estava usando roupa curta”; “ela me seduziu” e por aí vai... A
naturalização do assédio e do estupro começa quando um homem diz que a mulher
de roupa curta está querendo chamar a atenção dos homens, pois é do instinto
masculino a culpa dos homens assediarem e estuprarem as mulheres.
As
desculpas são ridículas, mas a culpa nunca é do agressor, pois a roupa da
mulher estava “pedindo” por aquilo. O interessante é que nunca vi homens serem
assediados na rua por que estavam usando shorts curtos ou estavam sem camisa, pois
eles são homens. Eles podem. Nós, mulheres, não podemos, pois é vulgar mostrar
o corpo. É coisa de mulher puta, vagabunda e vadia querer sair com uma
minissaia à hora que quiser.
Simone
Beauvoir (1970) afirmou em seu livro O Segundo Sexo, que “o lugar da mulher na
sociedade é sempre eles que estabelecem”. E isso ainda é real em nossa
sociedade pós-moderna e tecnológica. Os homens estabelecem quais as mulheres
são de “verdade” e quais servem “para casar”. A mulher que usa roupa curta é a
puta, segundo a estatística dos machistas, mas a que usa saias longas também
sofre assédio quando sai. A lógica é
imprecisa, mas o machismo prevalece.
A
desconstrução do machismo é necessária. A mulher pode e deve usar o que quiser.
E, quando ela assim fizer, não deve ser julgada como alguém que “está pedindo”
atenção dos homens. Pois, acredite, ela não está.
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