domingo, 18 de outubro de 2015

Fé, amor, paz e sabedoria

Foto: Talita Barbosa

Uma pausa na conclusão do TCC para poder registrar em palavras a minha experiência ao entrar num terreiro de candomblé pela primeira vez em 22 anos de vida. Até tenho um avô pai de santo, mas, talvez, por não ser próxima dele que o meu contato com a religião não tenha se estreitado antes.

No ensino médio estudei muito sobre os orixás, lembro-me de ter feito um trabalho sobre algum deles e me deliciado com as histórias e os significados das coisas. Tenho uma queda por Iansã desde que a conheci e não sei explicar. Identifico-me e muito com a história, características e cores relacionadas ao orixá. Apesar de não ter um gênero definido, gosto de acreditar que Iansã seja uma mulher negra guerreira.

Pois bem, o estágio na Secretaria de Cultura sempre me proporciona coisas boas. Aprendi muito em pouco menos de um ano. Aprofundei meus conhecimentos em jornalismo e aprendi muito no que diz respeito à cultura da minha cidade e estado, também amadureci muito. No início do ano, pude participar do seminário da Renafro sobre religiões afro-brasileiras e saúde no que tange o direito da população de terreiro e o respeito a sua ancestralidade.

Mas, ontem, 17 de outubro de 2015, pude entrar num terreiro e perceber que tudo o que eu ouvi durante toda a minha vida não passa de uma caricatura mal feita e racista das religiões de matriz africana. Ouvi tambores tocar e o povo dançar alegremente ao poderem cultuar seus orixás sem serem importunados por cristãos fundamentalistas, que acreditam piamente que apenas a sua religião levará a salvação. E que, erroneamente dizem que Exu é o diabo e chamam os candomblecistas de macumbeiros de forma pejorativa.

Ao contrário do que eu costumava ouvir de alguns pastores oportunistas, o terreiro foi um lugar que emanou paz e sabedoria. O respeito à tradição que é passada oralmente, através dos séculos, num sistema hierárquico respeitado por todos os adeptos, é algo que deveria ser adotado por todos. A importância que é dada aos mães e pais de santos, o respeito a sabedoria ancestral, o respeito à natureza e tudo que dela é derivado.

Por fim, fiquei encantada com as cores, com os tambores, com os cânticos e com a alegria. Observei atentamente cada detalhe e não consegui enxergar a maldade que tanto falam por aí. Só consegui enxergar amor, respeito e muita sabedoria.


Axé pra quem é de axé

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